Rio de Janeiro (10 de junho de 2014) – A entrevista abaixo foi produzida pela equipe do Centro Aberto de Mídia (CAM) João Saldanha, no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro.
CAM - Como o País se preparou para oferecer segurança às populações das cidades, aos turistas, torcedores e às autoridades durante a Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014?
Secretário Andrei Rodrigues - O Brasil vem se preparando para isso desde que ganhou esse prêmio de realizar a Copa, que é também um desafio. A Secretaria de Grandes Eventos foi constituída em 2011 para fazer toda essa coordenação de segurança. A preparação se deu basicamente em três pontos: construção da infraestrutura necessária, planejamento integrado junto com forças de segurança e execução da operação também. Foram montados centros regionais de comando e controle que reúnem todas as instituições, não só de segurança pública, mas que têm alguma participação na segurança do evento. É um ambiente único e dotado do que há de mais moderno na tecnologia mundial em termos de segurança pública e onde a gente tem essa capacidade de segurança integrada. Os planejamentos foram construídos junto com as forças estaduais e dos municípios, caso de trânsito e saúde, e agora [trabalham juntos] na execução de todo esse planejamento. Não há uma ação que seja feita por uma instituição isolada.
CAM - Qual o posicionamento do governo em relação a possíveis manifestações e protestos contra a Copa?
Andrei Rodrigues - O posicionamento é claríssimo. Manifestação é um direito constitucional. O Brasil é um país livre e democrático, e é um dever da segurança pública garantir o exercício desse direito. O que a gente tem que separar muito é a existência de violência, atos criminosos e de vandalismo que se inserem nessas manifestações. Teremos uma resposta muito forte de não tolerância às ações de vandalismo, ações criminosas que tentem se aproveitar desse momento de alegria, de festa que o Brasil vive. Não tolerância é aplicação da lei. Existe uma legislação que tipifica diversas condutas como depredações e saques, que são consideradas crimes.
CAM - Quais as mudanças proporcionadas pelos grandes eventos para a gestão da segurança pública no Brasil? Qual o valor do investimento e o que fica para a população após a Copa?
Andrei Rodrigues - O valor do investimento de segurança pública e defesa é de R$ 1,9 bi. Uma premissa fundamental é que esse investimento em segurança pública tem que ser útil para o cotidiano. Há bens materiais que ficam, como os Centros de Comando e Controle, delegacia móvel, sistema de filmagem por helicóptero, Centros de Comando e Controle Móvel, uma extensa lista de benefícios. Mas o ponto principal é o benefício imaterial, que é a capacidade de trabalho em conjunto, integrado. O Brasil dá um passo importante para ampliar a segurança. Não tenho dúvida de que nessas cidades onde haverá Copa, a estrutura de segurança pública está um passo à frente em estrutura, investimento e capacidade de atuação integradas.
CAM - Há ações articuladas com entidades de segurança internacionais?
Andrei Rodrigues - Sim. Um dos mais importantes eixos da segurança da Copa é a cooperação internacional. Temos já mais de 40 países com policiais aqui que farão parte do centro de cooperação policial internacional em Brasília e também estarão junto com suas seleções e delegações onde houver jogos de seus países. Eles não estarão portando arma, não tem poder de polícia aqui, mas atuarão como importantes colaboradores. Há uma permanente troca de informações via Interpol, que congrega centenas de países, há listas de torcedores, como é o caso concreto da Argentina, do Reino Unido – que proíbe que torcedores com histórico de violência saiam do país.
CAM - O senhor pode dar mais detalhes sobre como funcionam os Centros de Comando e Controle nas cidades-sede e como el es continuarão a ser usados depois da Copa?
Andrei Rodrigues – O centro é um ambiente que recebe informações de várias instituições, não só policiais, mas também Receita Federal, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ministério das Relações Exteriores, Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ministério da Defesa, Comitê Organizador Local da FIFA, e que ali recebem informações e elas são difundidas por todos e para todos permitindo que todos tenham conhecimento ampliado da gestão do processo. Por exemplo, agente de trânsito pode estar recebendo informações importantes de sua central que vão impactar em uma rota protocolar. Então, ele passa para o centro, que repassa para as polícias Militar e Federal, de forma que se faça o readequação daquela rota. Pós-Copa, esse centro será o ambiente em que as polícias estarão ali integradas: civil, militar, e bombeiros. Também deverá chamar outras forças para atuar – como Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Abin, Defesa – para que tenham permanente intercâmbio. A parte operacional, o conhecido 190 (número para emergências), passará a contar com toda essa tecnologia e sistemas, com todo esse conhecimento, todo esse aparato disponível para o cotidiano das cidades.
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