FUTEBOL MOLEQUE
Sou santista desde que me entendo por gente, nascido na cidade e torcedor do Santos FC.
Quando eu nasci, Pelé já era mais do que mundialmente consagrado - coroado “rei”, apesar de seus poucos 19 anos - e o time da Vila Belmiro, que já estava virando “a vila mais famosa do mundo” encantando até quem não torcia para o alvinegro praiano mas, principalmente, tirando o sono dos adversários mais fanáticos.
Aqueles eram tempos de futebol fácil. A única regra era matemática: ganhava quem marcava mais gols do que sofria! Outras máximas desse futebol ofensivo eram: “A melhor defesa é o ataque!” e “Quem não faz, leva!”. Simples, assim!
Com isso, ir aos estádios era pura diversão!
Pelé só saiu, já aos 34 anos, para jogar no exterior. Antes, recusou inúmeros convites para atuar em clubes famosos. E ele não era exceção: até então, dava para contar nos dedos os brasileiros que partiam para o Velho Mundo.
Por conta disso, o futebol brasileiro era uma grande festa, fervilhando de craques e times maravilhosos.
Aí, lá para o final dos anos de 1970, começou o êxodo de brasileiros para o exterior: Marinho Perez, Luiz Pereira, Leivinha, Jairzinho...
O futebol brasileiro, tricampeão mundial jogando “futebol arte”, de repente achou que tinha que aprender com a retranca européia. O 4-2-4 foi morto e sepultado, os pontas foram banidos e entramos na “fila”.
Com a “porteira aberta”, os europeus continuaram a levar nossos craques, nas décadas de 1980 e 1990: Zico, Careca, Sócrates, Romário... Foi nessa época que comecei a ver crianças ostentando, orgulhosas, uniformes de times estrangeiros.
Para piorar, até alguns técnicos de seleção começaram a exortar os poucos craques que ainda estavam no Brasil a irem para o exterior.
Isso também afetou aquele ótimo time do Santos, de 2002:
Perdemos Diego, Elano, Alex e, finalmente, Robinho, o “Rei das Pedaladas”.
As investidas de europeus, asiáticos e árabes chegaram a tal limite, que jogadores juvenis passaram a ser “contratados” ainda nas fraldas. E o futebol brasileiro voltou a ser burocrático, sem graça, tanto que chegaram a importar “ídolos” argentinos, para suprir a deficiência nacional!
Repatriação? Bem, voltavam só os “rodados”, se bem que Zé Roberto ainda estava tão bem, que o chamaram de volta.
Aí, trouxeram o Ronaldo de volta... E dá-lhe marketing!
Ainda investindo no futuro, o Santos fez estrear Neymar; Paulo Henrique Ganso foi outra grata surpresa; Dorival Júnior começou a “arrumar a casa” e aí, quando ninguém esperava, Robinho voltou, antes dos 30! E dá-lhe marketing, também!
E não é de marketing que vive o negócio futebol? E negócio tem que dar “retorno”!
A estréia dele foi contra o poderoso São Paulo, que também é santo e faz dos seus milagres. Mas o time da Vila, pródigo em duplas históricas, colocou Neymar e Robinho, no segundo tempo.
Bastaram poucos minutos para o futebol moleque, simples e envolvente, ressuscitar, num jogão de bola!
E a estrela voltou a brilhar!
Bem vindo, Rrrrrobinho, com ou sem “letra”! E que outros voltem para que a magia retorne definitivamente aos gramados brasileiros!
Adilson Luiz Gonçalves
Mestre em Educação
Escritor, Engenheiro, Professor Universitário e Compositor
E-mails: algbr@ig.com.br e prof_adilson_luiz@yahoo.com.br
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