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terça-feira, 13 de março de 2012
Brasil se classifica pra Londres no caiaque feminino, mas perde vaga no masculino
Por 0,13 segundo, o jovem Pepê não conseguiu a vaga olímpica. Nas equipes, só deu Brasil e três Meninos do Lago com medalhas de ouro no peito
O Pan-Americano de Canoagem Slalom teve choros de alegria, mas também de tristeza. No sábado, a atleta Ana Sátila não conteve as lágrimas após ganhar o ouro e a vaga para Olimpíada de Londres na categoria caiaque feminino. Mas no caiaque masculino, no domingo, o choro foi de tristeza. Grande sensação do campeonato, o jovem Pedro Henrique Gonçalves da Silva, o Pepê, ficou mero 0,13 segundo atrás do veterano canadense David Ford. Pepê tocou na penúltima baliza, o que lhe acrescentou dois segundos no tempo final, e perdeu a vaga.
Nas provas em equipes, que não valiam vaga para Olimpíada, os Meninos do Lago garantiram medalhas de ouro no Pan-Americano. O Brasil foi campeão na canoa simples masculino por equipes com Cássio Petry, Charles Corrêa e o iguaçuense Leonardo Cussel, de 17 anos, há três anos no projeto Meninos do Lago. “Foi uma prova bem competitiva, um campeonato de alto nível. Ganhei bastante experiência e agora espero o mundial júnior”, afirmou Cussel.
Na equipe de caiaque simples, também deu Brasil com Ricardo Martins Taques, João Machado e Pedro Henrique da Silva. Natural de Tomazina, PR, João Machado tem 26 anos e está desde o início do projeto em Foz do Iguaçu. “É um prazer ser campeão, ainda mais em casa”, afirmou.
Promovido pela Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), o Pan-Americano tem patrocínio da Itaipu Binacional e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Atletas de dez países competiram no Canal Itaipu, que fica dentro da usina hidrelétrica, em Foz do Iguaçu. Em paralelo ao Pan, aconteceu o Open Itaipu com a participação das seleções convidadas da Espanha e da República Tcheca.
Choro de tristeza
Brasil e Canadá fizeram um duelo a parte na categoria caiaque simples masculino. A final ficou entre o veterano David Ford, 44 anos de idade e quatro Olimpíadas no currículo, e o jovem Pepê, de 18 anos. O garoto fez uma prova limpa, não fosse a penúltima baliza, de número 19, na qual ele tocou levemente. “Já sabia que seria difícil ganhar a prova depois de ter feito a falta”, disse após saber do resultado e ainda com o rosto cheio de lágrimas. “Trabalhei muito duro para isso e foi tudo embora. Agora é esperar mais quatro anos para a Olimpíada do Rio de Janeiro”, concluiu.
Pepê terminou a prova em 90,70 segundos, mas, com a falta, acabou ficando com 92,70 segundos. O campeão David Ford concluiu sem nenhuma falta com 92,57. Apenas 0,13 segundo mais rápido. A vaga olímpica é do Canadá. O terceiro melhor tempo foi do brasileiro Ricardo Martins Taques, com 93,07 segundo – até a sexta posição só deu Brasil e Canadá, mas, como o pódio deve ser completo por três atletas de países diferentes, o argentino Matias Cordeiro, que teve o sétimo melhor tempo, ficou com o bronze do Pan-Americano.
Na canoa simples, Brasil fora do pódio
Na outra vaga olímpica definida neste domingo, na canoa simples masculino, a batalha foi entre canadenses e norte-americanos. O ouro no Pan e a vaga olímpica ficaram para Benn Fraker dos Estados Unidos, que fez a prova em 92,50 segundos. “É a terceira vez que venho competir neste canal e estou treinando há duas semanas aqui, isso ajudou muito”, afirmou o norte-americano que competiu na Olimpíada de Pequim 2008.
A prata foi para outro norte-americano, Casey Eichfeld. O terceiro melhor tempo foi do canadense Cameron Smedley, mas o bronze do Pan, de novo pelas regras do campeonato, foi para o argentino Rossi Sebastian, quarto melhor tempo.
Duas vezes Ana Sátila
A prova de canoa simples feminino não valia vaga para a Olimpíada, mas Ana Sátila não quis nem saber: com o tempo de 134,44 segundos ela venceu e levou mais uma medalha de ouro do Pan-Americano para casa. Seu próximo compromisso é dia 18 de março. Ana e a comissão técnica vão a Londres reconhecer o canal em que ela que vai competir no caiaque simples nos Jogos Olímpicos.
Início da nova canoagem brasileira
Para o técnico da Seleção Brasileira Permanente de Canoagem, o italiano Ettore Ivaldi, Ana Sátila vai a Londres com a obrigação de representar bem o País. Ele reconhece que o verdadeiro projeto é a Olimpíada Rio 2016. “Nós queremos chegar à Olimpíada não com um, mas com quatro ou cinco atletas em alto nível”, diz. Ettore elogia o projeto da seleção brasileira e o Projeto Meninos do Lago, de Itaipu. “Em meus 25 anos de treinador eu nunca vi um projeto tão bem estruturado. Ele trabalha do zero até chegar ao nível olímpico”, define.
O treinador também destaca a preocupação com os jovens atletas que continuam fazendo faculdade e tendo uma vida estudantil. “Não podemos exigir de meninos de 15 a 20 anos que se dediquem unicamente ao esporte. Canoagem não é futebol que forma milionários”, diz. Ele cita exemplos dos jovens atletas que cursam faculdades de Educação Física e Fisioterapia, nas universidades de Foz do Iguaçu, e poderão continuar no esporte mesmo depois de se aposentarem.
Para o superintendente da Confederação Brasileira de Canoagem, Argos Rodrigues, os resultados do Pan-Americano foram excepcionais para o País. “O Brasil cresceu muito, pode perguntar para americanos e canadenses e eles vão te dizer que vai ser difícil segurar o Brasil nos próximos anos”. Ele destaca a parceria com Itaipu, que cedeu o canal para os treinamentos, e o BNDES pelo investimento na seleção brasileira.
O superintendente de Comunicação Social, Gilmar Piolla, parabenizou os Meninos do Lago pelos bons resultados e toda seleção brasileira. “Com os resultados no Pan-Americano, o Brasil surge como nova potência na canoagem slalom das Américas”, afirmou.
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